top of page

O prazer e a semente

  • Aline Ribeiro Silva
  • 14 de out. de 2015
  • 4 min de leitura

Olá, leitor! Como é bom poder falar sobre dança cristã com você. Aliás, a dança é um dos meus maiores prazeres. As atividades físicas, na verdade, são responsáveis pela liberação de endorfina no nosso corpo, o hormônio do bem-estar. A dança pode melhorar o humor, a elasticidade, postura, equilíbrio, força, evitar stress, diminuir a tensão corporal, gastar calorias. Sem contar os benefícios emocionais, como elevação da auto-estima e das habilidades de interação social, trabalho em equipe e sensibilidade artística. De fato, dançar faz bem para o corpo e para a alma.


Isso vale para qualquer modalidade de dança, em qualquer ambiente e sob qualquer motivação. Porém, a dança vivida pelo bailarino cristão não é qualquer dança. Precisamos ter uma motivação especial, caso contrário não exerceremos um ministério, mas apenas uma arte. E a nossa motivação está fundamentada na palavra, não é outra senão testemunhar sobre a libertação e promover a salvação (para ler mais sobre isso, clique aqui).


Pare um pouco para pensar nos muitos fatores que podem desviar nossa motivação ideal.

Quando dançamos nas igrejas ou diante de qualquer público, há pessoas olhando para nós. Isso nos traz um prazer ameaçador, considerando que quando somos notados, nos sentimos especiais. Na verdade, a dança oferece esse risco do "estrelismo" muito mais do que a música, considerando que o instrumento que usamos é o próprio corpo, o próprio Eu que se move e produz beleza. Aqui cabe uma reflexão, introspectiva e silenciosa, mas espero que produtiva. Será que alguma vez já fizemos uma pose linda durante uma ministração ou abrimos um sorriso quando percebemos que algém estava fotografando ou filmando? Já nos pegamos executando saltos grandiosos ou movimentos ágeis e rápidos quando na verdade a ministração era sobre humildade ou arrependimento ao Senhor?


Outro desvio de motivação pode ser a beleza da arte em si. Ver a dança é maravilhoso. Ter os sentidos aguçados por ela, ser envolvido pela música expressada nos passos, sentir a força ou a leveza de um movimento executado por um bailarino é extasiante. Com certeza é fantástico para mim, e se você ainda não descobriu esse prazer, ainda não deve ter assistido a um bom espetáculo, muito menos a uma ministração poderosa. Então, recomendo que você assista o vídeo no final deste post e se delicie com tanta beleza.

Não há nada de errado em oferecer beleza a Deus. Muito pelo contrário! Todas as obras de arte descritas na bíblia demonstram infinita riqueza de detalhes e devem ter sido estonteantes. Leia as instruções para a construção do tabernáculo, em Êxodo 35 a 39, por exemplo. Imagine as cores, as texturas, a grandeza e imponência dessa obra de arte arquitetônica. A beleza cerca o trono do Cordeiro com luzes, cores e sons poderosos, como descrito em Apocalipse 6. Não posso imaginar oferecer a Deus algo feio, algo que não busque ser belo.


Mas nem por isso a beleza deve nos motivar. É vazia e finita. Nem os benefícios físicos e emocionais, nem o fato de nos sentirmos queridos com a atenção desprendida a nós. Nem qualquer prazer, senão o de viver em Cristo e para Cristo.


Olhando para a Palavra, observamos uma forte oposição entre o que devemos fazer e o prazer de fazer. O prazer nem sempre está errado, porque afinal é prezeroso entregar uma coreografia bonita a Deus e exercitarmos nosso corpo diante dele. O problema é quando esse prazer não nos conduz ao cumprimento de nossos deveres. Obrigações leves e agradáveis que assumimos ao nos tornarmos filhos de Deus.

Gênesis 38 nos conta uma história de amor, tradição e traição. Judá, um dos 12 filho de Jacó, tinha três filhos. Na época certa, Judá encontrou esposa para o filho mais velho, Er, e o nome da esposa era Tamar. Porém, Er era mau aos olhos do Senhor e logo morreu. Segundo o costume hebreu, o irmão de Er deveria se casar com a viúva, para que houvesse descendência do falecido (Deuteronômio 25:5). Assim, Tamar foi dada em casamento a Onã, que tinha como obrigação gerar filhos que teriam o nome de seu irmão mais velho.

Então disse Judá a Onã: Toma a mulher do teu irmão, e casa-te com ela, e suscita descendência a teu irmão. Onã, porém, soube que esta descendência não havia de ser para ele; e aconteceu que, quando possuía a mulher de seu irmão, derramava o sêmen na terra, para não dar descendência a seu irmão. Gênesis 38:8,9

E é aqui que entra a oposição entre prazer e dever. A bíblia relata que Onã evitava engravidar Tamar, já que os filhos não levariam seu nome, mas o de Er. Isso não o impedia de se deitar com a moça. Estando casado com Tamar, Onã tinha o direito ao prazer, mas tinha deveres a cumprir e não o fez.


Quando dançamos, não podemos desperdiçar nossa semente, a semente do evangelho. De nada valerá se nossa dança não produzir frutos espirituais e obras de justiça. Por mais legítimos que nos pareçam os prazeres, não temos direito a eles se não cumprirmos os deveres que assumimos ao fazer parte de um ministério.


"Ministério" significa "serviço". E servir ao Reino! Todas as coreografias, os figurinos e acessórios, todos os olhares e movimentos precisam lançar a semente do evangelho no coração dos espectadores. Se assim não for, deixamos de ser ministério e passamos a ser apenas o "grupo de dança".


Vamos pensar sobre isso? Mais ainda, vamos colocar nesse parâmetro as nossas ações e ministrações? Que o Senhor nos livre de nós, e do prazer vindo de nós. Que nosso prazer seja gerar frutos!

Comments


Post em destaque
Posts recentes
Arquivo
Assuntos
Siga-nos
  • Facebook Basic Square
  • Twitter Basic Square
  • Google+ Basic Square

Vestuário de dança

Dança para EXPRESSAR, por Aline Ribeiro SIlva  Orgulhosamente criado com Wix.com

  • Facebook Clean
bottom of page