Ah, o tempo!
- Aline Ribeiro Silva
- 17 de dez. de 2015
- 4 min de leitura
Creio que esta seja uma daquelas coisas que nunca entenderemos de fato. O tempo em que as coisas acontecem. Não entenderemos e, por mais que nos esforcemos, não controlaremos o tempo.

Você que nasceu no século passado, lembra no mundo pré-watsapp, pré-facebook, pré-redes sociais, pré-internet doméstica? Lembra disso? Lembra como demorava a concluir uma pesquisa para a escola (porque nessa época eu era estudante)? Era necessário procurar em enciclopédias, ir à biblioteca, escrever a mão todo o conteúdo, ou ao menos digitá-lo novamente em um computador enorme, com monitor e gabinete. Falar com pessoas que estavam distantes era muito mais difícil e demorado. Ter uma linha de telefone era caro e muitos alugavam. E o delay era imenso: vários segundos entre a pergunta de um e a resposta do outro interlocutor em uma ligação de longuíssima distância, como para outro continente.
Hoje, se o tablet demora alguns segundos para processar uma informação, já nos irritamos. Como temos pressa! Pressa para sair, pressa para chegar, pressa para concluir, pressa até para conversar, com palavras curtas digitadas da maneira mais prática e rápida no celular. Pressa para ter a resposta da mensagem, pressa para aprender, pressa para crescer.
Mas não importa quanto a tecnologia evolua, ou como as coisas sejam práticas. Todos continuamos tendo as mesmas 24h por dia para administrar. E mais: o dono do Tempo continua no mesmo ritmo. Para ele, um dia ou mil anos são exatamente a mesma coisa. Que mente humana pode entender isso?
Creio que ninguém consiga lidar perfeitamente com o tempo. Mas a dança é genial para nos fazer lembrar de uma lição que Deus ensinou a Moisés e aos hebreus no deserto: avançar leva muito tempo. Disciplinar o corpo, alongar os músculos, tornar tudo mais flexível, descobrir músculos que sequer conhecíamos... Essas coisas levam tempo. E é necessário treinar muito! Primeiro aprendemos um movimento, depois treinamos até conseguir executar. Então começamos a trabalhar os detalhes, para que fique perfeito. Só então poderemos dizer que sabemos fazer este ou aquile passo. Anos e anos de trabalho com os pés muitas vezes não são suficientes para o completo desenvolvimento e fortalecimento. Quem dera o maior obstáculo das sapatilhas de ponta fosse apenas a dor da pressão! E quando falamos de coreografias em grupo então. Com certeza convívio e trabalho serão ainda mais necessários para que haja harmonia e sincronia. Tempo.

Mas voltemos a Moisés. Deus prometera entregar a seu povo uma terra abundante. Durante o período em que os hebreus estiveram no Egito, a terra havia sido ocupada por outros povos, que seriam afastados poderosamente pelo do Deus de Israel. Imagino que, ao sair do Egito, a expectativa dos hebreus fosse logo chegar a Canaã, talvez dentro de alguns dias. E quando chegassem, todos os cananeus, heveus, hititas e outros povos que lá estavam deixariam a terra, que seria instantaneamente dominada pelo povo eleito e recém-liberto. Afinal, a terra era deles, dos hebreus. Deus já havia prometido, não é mesmo?
Não os expulsarei num só ano, pois a terra se tornaria desolada e os animais selvagens se multiplicariam, ameaçando vocês. Eu os expulsarei aos poucos, até que vocês sejam numerosos o suficiente para tomar posse da terra. Êxodo 23:29,30
Mas Deus, que governa o Tempo e se inseriu no Tempo para se relacionar conosco, enxergava a linha cronológica mais de longe e já sabia o que viria para além do presente do deserto. Deus afirmou para seu povo que a terra seria deles, mas que isso ia demorar. Se todos os atuais habitantes fossem expulsos, a terra se tornaria selvagem porque os hebreus não eram suficientes para cuidar dela.
Pense bem: se hoje Deus colocasse seu ministério em um teatro com 800 expectadores, o que aconteceria? Todos os integrantes e bailarinos estariam cheios do Espírito Santo e aptos para a obra? Haveria condições de executar um bom trabalho e uma ministração completa? Haveria um figurino com sentido, lindo, e que em si transmitisse uma mensagem? Lembre-se de que as cores e tecidos do tabernáculo tinham um propósito. Por que seria diferente com nossas vestes de adoração? Mesmo se tudo isso estivesse pronto, seria possível receber, ensinar e discipular todas essas pessoas?
Todos queremos crescer. Nenhum ministério subsiste se não tiver como alvo a pregação da Palavra. Ansiamos por fazer isso e levar o Evangelho ao máximo de pessoas através da nossa dança. Isso também desejavam os hebreus, possuir a terra que lhes fora prometida e servir de testemunho diante de todos os povos. Mas a Bíblia nos conta que muitos foram os desvios do povo santo, desde as murmurações no deserto até a divisão dos reinos de Judá e Israel, com seus reis corruptos e perniciosos.
Oro a Deus para que nenhum de nós aja como aqueles hebreus. É muito fácil olhar para eles e dizer: “Quanta incredulidade! Não poderiam ter permanecido fiéis e pacientes? Tudo teria sido mais rápido e fácil”. Mas não sei se nós mesmos estamos trabalhando NO tempo de Deus. A Palavra nos aconselha a construir nossa casa sobre a rocha, e não sobre a areia. Certamente Deus não vai levantar um edifício sobre a areia, por mais que seja rápido e dê menos trabalho.
Vamos preparar as fundações. Vamos remover a pedra. Vamos investir os talentos. Vamos semear e esperar. Não vamos ver o tempo passar sem fazer esforço e sem ter sonhos espirituais. Afinal, o Senhor do Tempo domina sobre todos os acontecimentos. A nós cabe ter paciência, confiar nos planos do alto, fazer todo o possível para estarmos prontos. E em paz.
Compartilho com vocês esta linda e divertida montagem da pastora Kátia Marin e do Estúdio do Corpo. Com a música igualmente divertida da Banda Resgate, Jack, Joe and Nancy in the mall. Vamos aprender a descansar em Deus enquanto trabalhamos para Ele.
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